André França
The Last Stop




É conhecido o fascínio que os cemitérios exercem sobre os fotógrafos - e por razões óbvias: fotógrafos talvez sejam os artistas que tem a experiência mais rica e íntima do tempo na realização de seus trabalhos; e os cemitérios, embora lugares comuns, pois presentes em todas as cidades, são locais que oferecem uma experiência única, muito específica do tempo.

Durante alguns anos, considerei que seria agradável e tranquilo passar os anos da minha velhice na minha cidade natal, Canavieiras (BA) - e que, após a minha morte, seria enterrado lá, no cemitério da cidade, onde estão enterradas algumas pessoas da minha família.

Realizada em 2004, no início de minha produção, esta série é marcada por esta reflexão, e, digamos, mira primeiro o final, para depois abrir espaço a outras considerações, de caráter mais passageiro e temporário.

Dimensão que também me interessou explorar foi o caráter simples do cemitério e o seu precário estado de conservação, com muitos túmulos em estado de deterioração, assim como o chão de areia, que potencializa o sentido de mobilidade e desagregação. Esta decadência física redobra a ideia de decomposição e destrói a função da lápide como objeto índice de existência.

[Veja as fotografias]