Em nossa cultura, onde
sótãos e porões são praticamente
inexistentes em nossas casas, o quintal assume em grande parte os
usos reservados àqueles espaços. Um destes importantes
usos é servir de depósito de objetos que não nos
interessam mais, que não mais desejamos. Descartados no
quintal, eles passam a gozar de uma existência em suspensão,
como numa espécie de limbo. Não são mais usados,
mas também não estão destruídos e nem
descartados definitivamente. Ficam ali, a acumular estratos de tempo.
Algum dia podem ser redescobertos, recuperados do esquecimento, ter a
sua utilidade reinventada, ou, então, ser descartados para
sempre. As fotografias desta série foram feitas em 2009 no quintal da casa onde cresci e vivi até os meus 14 anos. Além de lugar de observação do modo de existência dos objetos, este também sempre foi para mim, durante a infância, um lugar de mistérios, de descobertas, de assombros, de contato com a natureza. Foi aqui também que fiz algumas de minhas primeiras fotos. Agora, após 25 anos, volto a fotografar no quintal. Provavelmente, este é o espaço mais íntimo, mais pessoal que posso fotografar. |
[Veja as fotografias] |